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Tradições

As festas do Nordeste Transmontano conservam um sabor popular que as carateriza. O homem realizou em todos os tempos as suas festas, dando-lhe um carácter religioso, a adoração dos deuses era o centro de todas as suas manifestações festivas. Na alma do povo ainda perdura um substrato da velha crença pagã, que conserva, transmitindo-a às gerações vindouras.

QUARTA-FEIRA DE CINZAS EM VINHAIS "A Morte e os Diabos"

A Quaresma assinala um período de respeito e penitência, trazidos à lembrança dos habitantes de Vinhais pelas tenebrosas figuras da Morte o do Diabo que, na Quarta-feira de Cinzas, percorrem as ruas da vila sequiosas de almas pecadoras.
 
Os diabos perseguem e capturam os humanos que, desafiando o poder sobrenatural daqueles, se atrevem a sair à rua, purificando-os com acutilantes cinturadas e apresentando-os perante a Morte que, empunhando uma gadanha de forma ameaçadora, os obriga, de joelhos, a recitar umas estranhas ladainhas semi-pagãs, impondo temor e lembrando que pode chegar a qualquer altura ceifando-lhes a vida a seu bel-prazer.
 
"Padre-nosso, caldo grosso, carne gorda não tem osso, rilha-o tu que eu não posso.
Salve rainha, mata a galinha, põe-na a cozer, dá cá a borracha que quero beber.
Creio em Deus, padre todo-poderoso, o filho do rei criou um raposo."
 
Trata-se de uma tradição secular e única em Portugal, cujas origens permanecem desconhecidas havendo, no entanto, diferentes interpretações que a situam nas celebrações dos Lupercais romanos, nas procissões da Quarta-feira de Cinzas, na Idade Média, ou mesmo por influência dos franciscanos do Convento de São Francisco de Vinhais, durante os séc. XVIII e XIX.
 
Perfeitamente enraizada nas tradições vinhaenses, em cada ano revivida com toda a genuinidade de outrora e preservada com todo o carinho e respeito pela identidade cultural deste povo serrano, a Quarta-feira de Cinzas vem provar que Vinhais é mesmo "uma terra dos Diabos".

FESTA DA CABRA E DO CANHOTO - Dia 31 de Outubro

Local de Realização: Cidões, Concelho de Vinhais

Festa tradicional de características únicas.
 
Manda a tradição que se faça uma grande fogueira com o canhoto ou tronco. O canhoto e toda a lenha que se queima nesta fogueira deverá ser roubada, pois se não for roubada, não arde.
 
Nesta fogueira vai ser cozinhada uma cabra em grandes potes, enquanto isso vão-se comendo castanhas assadas, figos secos e nozes.
Nessa noite a aldeia é virada ao contrário, pois a rapaziada vai roubar os vasos das flores e espalha-los pelas ruas, viram ao contrário os carros de bois e carroças de animais. Nessa noite também um carro de bois percorre a aldeia puxado pelos rapazes, com as atarraxas bem apertadas para cantar bem alto e não deixar dormir ninguém.
 
É um lugar de festa e convívio, trocam-se notícias de amigos e familiares ausentes, encontram-se os amigos numa noite de ambiente mágico.

FESTA DE S. ESTÊVÃO, FESTA DOS RAPAZES E DA GALHOFA

Data de Realização: 25 e 26 de Dezembro
Local de Realização: Ousilhão, Concelho de Vinhais

Festas Tradicionais, com características únicas no País.

O culto do Santo Estêvão, encontra-se associado, no Nordeste Transmontano, às festas dos rapazes que, por sua vez se integram no ciclo de festividades do solstício do Inverno. No passado pagão terão sido dedicadas ao culto do Sol, as antigas bacanais que, como advento do cristianismo, haveriam de ser sabiamente adoptadas pela igreja que lhes conferiu um carácter de sacralidade cristã, na tentativa do aproveitamento dos ritos tão fortemente enraizados no povo que o seu aniquilamento se afigura missão impossível.
 
Santo Estêvão é um jovem Mártir dos alvores do jovem cristianismo. Tratava–se pois, de um herói popularizado capaz de se transformar no patrono ideal da juventude.
 
Assim é ainda hoje, um pouco por todo o lado, em terras do Nordeste Transmontano. E assim é que, em Ousilhão, se continua a celebrar de uma forma muito peculiar, a festa de Santo Estêvão com caraterísticas próprias.
 
Os "caretos", assim designados localmente, são os protagonistas mais simpáticos, mascarados que, no dia da festa, tomam conta da aldeia, aos grupos e em grande número.
 
Grandes e pequenos, crianças e jovens, mascaram-se assim com um fato feito de colchas com franjas coloridas e capuz na cabeça, e na cara a máscara tipice de madeira. As máscaras são trabalhadas na aldeia durante todo o ano apresentando algumas figuras zoomórficas.